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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Não às Marchas da Maconha

Faz parte da democracia proteger a liberdade de expressão. E nosso compromisso com esse conceito só é colocado à prova diante de opiniões que consideramos dúbias ou suspeitas. Também é direito, se não obrigação do cidadão responsável, impedir por meio do debate e das vias legais, que movimentos organizados imponham regras sociais ou que sirvam para satisfazer a desejos pessoais em detrimento dos interesses da maioria. É o caso da marcha da maconha. Mesmo a alegação de que serve para abrir um debate é enganosa. O Brasil já concordou em investir na saúde e ser contra as drogas, como as bem-sucedidas políticas de combate ao tabaco e o álcool. Apenas insinuar que consumir maconha é aceitável é um retrocesso em todo o trabalho de consientização dos últimos anos. As marchas da maconha glamorizam a droga e incentivam a experimentação. É preciso esclarecer aos que apoiam o movimento que, indiretamente, são responsáveis pelo surgimento de novos usuários. Não é um debate teórico nem ideológico, mas uma situação prática com efeitos reais, desfavoráveis à saúde pública. Também é necessário assumir posições e entender as consequências.
Não é coerente apoiar a marcha e se escandalizar com a cracolândia. Não é possível ser parcialmente a favor das drogas (ou só da maconha). Nessa discurssão, não há dosagem segura. Marchar pela maconha é marchar pela cocaína, pelo crack, pelo óxi. O argumento pró-maconha é de que o Estado perdeu a guerra contra as drogas e, por isso, é necessário rever as estratégias. Embora muitas evidências possam insinuar o fracasso, este resultado não é uma verdade absoluta. A experiência com o álcool e tabaco demonstra que, quanto mais fácil e barato o acesso, maior é o número de usuários.
O STF chegou à conclusão de que o debate é legítimo. Ótimo, então, que se debata, mas com responsabilidade e informação. Não se trata aqui da "primavera brasileira", que pretende derrubar a tirania.
Do resultado dessa discurssão depende mais vidas de muitos brasileiros e o problema que o Estado vai enfrentar. Sim, pois grande parte dos que exigem agora que o Estado os deixe se drogar em paz vai, no futuro, buscar assistência no já saturado sitema público de saúde. É chegado o momento de outro lado também se organizar e impedir o retrocesso que se forma no horizonte.




Fonte: O Dia
Autor:  Carlos Salgado é psiquiatra e presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas (ABEAD)